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Por G1


Fábricas reabriram em maio com medidas para prevenir contágio do coronavírus; Renault instalou divisórias de acrílico no refeitório em São José dos Pinhais — Foto: Divulgação
Fábricas reabriram em maio com medidas para prevenir contágio do coronavírus; Renault instalou divisórias de acrílico no refeitório em São José dos Pinhais — Foto: Divulgação

A produção de veículos no Brasil no mês passado sofreu um tombo de 84,4% em relação a maio de 2019. Os números foram divulgados nesta sexta-feira (5) pela associação das fabricantes, a Anfavea.

"É o pior maio desde 1992", disse Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.

Com a retomada gradual de atividades em algumas montadoras, houve alta de 2.232% na produção em relação a abril. Mas, na prática, o número impactante reflete apenas o retorno das atividades de algumas fábricas. Em abril, praticamente todas ainda estavam paralisadas como medida de distanciamento social pela pandemia do coronavírus.

“Embora junho sinalize algum retorno mais efetivo às atividades, teremos sem dúvida o pior trimestre da história do setor automotivo. Resta esperar por uma reação no segundo semestre capaz de evitar maiores danos à cadeia automotiva”, disse Moraes.

As montadoras ainda aguardam uma resposta do governo para obterem empréstimos juntos aos bancos para todo o setor, incluindo fornecedores de peças e concessionários, pagarem funcionários e cumprirem outras obrigações enquanto a retomada não acontece.

Para o presidente da associação, os empréstimos devem ser "para ontem" e que, sem eles, o prejuízo será não apenas do setor automotivo, mas para toda a economia.

Moraes diz que o desejo é de que eles saiam em no máximo três semanas. "Se não saírem, o problema será grave, com dissolução do parque industrial", destacou.

Um grupo negocia junto ao Ministério da Economia e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e bancos privados.

Tombo de 40% é esperado

No acumulado do ano, a baixa é de 49,2% sobre janeiro a maio de 2019, com 631 mil veículos produzidos contra 1,24 milhão no mesmo período do ano passado.

Para Moraes, ainda não é possível refazer projeções para o ano na produção e em exportações, já que cada país enfrenta a pandemia de forma diferente.

Mas a associação apresentou uma perspectiva para as vendas, que devem voltar ao mesmo patamar de 2004. A previsão é de que 2020 termine com 1,675 milhão de veículos emplacados, um recuo de 40% em relação a 2019.

No início do ano, antes da chegada da pandemia, Anfavea projetava crescimento de 9,4% nas vendas em 2020, voltando ao patamar de 3 milhões de unidades que não é visto desde 2014.

Por segmento

Em maio, foram produzidos 43.080 automóveis, comerciais leves (picapes e furgões), caminhões e ônibus, contra 1.847 do mês anterior. No mesmo período de 2019, a produção foi de 275.747 unidades.

No balanço de maio, os melhores e os piores números ficaram para os veículos leves (automóveis e comerciais leves), com crescimento de 3.507% em relação a abril e queda de 85,6% a maio do ano passado. Entre os caminhões, houve subida de 906% e caída de 63,9%, respectivamente.

Os ônibus, com menores números absolutos, têm recuperação e quedas menores, de 208% e 56,1%.

Exportações não sobem

Apesar da retomada das atividades e da aparente recuperação da indústria, as exportações permanecem com resultados negativos em todas as comparações. A Argentina, principal importadora de veículos do Brasil, ainda segue rígidas regras de isolamento social pela Covid-19.

Em relação a maio do ano passado, os números despencaram 90,8% (de 42.126 para 3.870). Comparando com abril, que registrou 7.212 veículos exportados, a queda foi de 46,3%. No acumulado, a variação negativa foi de 44,9%.

Entretanto, os segmentos de caminhões e ônibus tiveram mais unidades enviadas para fora do país. Os caminhões viram os números subirem 193% e, os ônibus, 280%.

Empregos

Diversas ações tomadas pelas próprias fabricantes, como uso de banco de horas e antecipação de férias, e a medida provisória 936 do governo federal, que permitiu a suspensão de contratos de trabalho e a redução de jornadas, fizeram com que os empregos ficassem estáveis na pandemia.

Em relação ao mês de abril, maio teve uma queda de 0,2% de pessoas empregadas na indústria automotiva. São 125.060 funcionários no setor. Na comparação com maio do ano passado, o número caiu 3,8%.

Luiz Carlos Moraes elogia as medidas do governo, das quais a Anfavea participou com sugestões, dizendo que é uma "boa ferramenta", mas que "garante o emprego até um momento".

Após o término das medidas, com validade máxima de 3 meses, "a garantia do emprego vai depender do ritmo da retomada", disse Moraes.

Segundo levantamento do G1, 79,2 mil funcionários (74% dos empregados da indústria) foram envolvidos em algum tipo de medida anunciada por 13 fabricantes de carros, caminhões e ônibus até 27 de abril.

Vendas

Os números de emplacamentos apresentados pela Anfavea são semelhantes aos divulgados na última terça (2) pela Fenabrave, a federação dos concessionários.

Houve uma queda de 74,7% na comparação com maio de 2019, mas crescimento de 11,6% em relação a abril de 2020. No acumulado, a queda é de 37,7%.

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