Codelco se prepara para os próximos 50 anos de produção de cobre

As apenas 1,55 milhão de toneladas de cobre produzidas pela mineradora estatal chilena Codelco não foram as esperadas, disse o presidente de seu conselho de administração, Máximo Pacheco, durante seminário ministrado na Faculdade de Economia e Negócios da Universidade do Chile.

O gestor não atribuiu o resultado decepcionante a atrasos em seus projetos estruturais, mas principalmente a questões de manutenção, gestão de ativos e continuidade operacional.

Algumas das principais falhas ocorreram no tratamento de minérios no concentrador da divisão Andina, em um congelamento que afetou por vários dias o reservatório de água que alimenta o concentrador El Teniente, e em um corte na esteira principal de Radomiro Tomic, detalhou Pacheco.

Referiu ainda que, no biênio 2021-2022, a mineradora de cobre privilegiou manter a produção estabilizada, enquanto as tarefas de supervisão e manutenção foram interrompidas pela pandemia.

Ele acrescentou que essas dificuldades são agravadas por teores mais baixos, uma vez que maiores profundidades de cavas e maiores distâncias são necessárias para obter minerais em áreas produtivas esgotadas.

Para resolver essas questões, a Codelco está trabalhando na operação Chuquicamata Subterránea, de US$ 5,5 bilhões e, em El Teniente, no projeto Nuevo Nivel Mina, de US$ 513 milhões, que “acrescentará 25 km adicionais por ano em diferentes níveis e profundidades”.

Da mesma forma, a jazida Rajo Inca a céu aberto, na divisão de Salvador e em fase de qualificação, substituirá o fechamento da mina subterrânea em 2024. Em Andina , está sendo feito um trabalho de mudança de orientação da mina para acessos de melhor teor minerais, segundo Pacheco.

"Já consumimos o mineral de 50 anos e a partir de agora estamos nos preparando para os próximos 50 anos", disse Pacheco.

De agora até 2040, o mundo vai precisar de 67% a mais de cobre, disse o gerente, que apontou como fórmulas para aumentar a produção o aumento do investimento em exploração, a aplicação de melhores tecnologias e mais parcerias com terceiros.

Construir confiança é fundamental. “Se a sociedade não confiar no nosso setor, é muito difícil o Estado desvincular e conceder licenças para uma atividade que tem sua licença social [para funcionar] muito comprometida”, comentou.

A Codelco está construindo sua primeira usina de dessalinização a 17 km da cidade de Tocopilla. Na primeira fase, dessalinizará 900 l/s e atingirá 1.600 l/s em plena capacidade. “Estará operacional até o final de 2025”, antecipa Pacheco.

Quanto à competitividade, indicou que em anos de bons preços, "vendem-se US$ 20 bilhões e o Ebitda é de US$ 10 bilhões, ou seja, 50%, enquanto em anos ruins vendem-se US$ 13 bilhões e o Ebitda é de 35%", sendo contextos igualmente favoráveis.

A mineradora está se preparando para aumentar a capacidade de fundição em Chuquicamata para mais 400 mil t/ano, disse Pacheco, em resposta a uma pergunta da BNamericas sobre os efeitos do fechamento da fundição da divisão de Ventanas.

“Não é possível que nossas exportações sejam mais de 2/3 em concentrado”, afirmou.

O Chile tem uma participação de 25% na produção mundial de cobre, e a Codelco é a chave para o fornecimento global do metal. Nos últimos 50 anos, a empresa contribuiu com US$ 142 bilhões para a economia nacional, explicou Pacheco.