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    Argentina prepara plano para congelar preços de produtos mais consumidos

    País insiste em política de congelamento de preços desde os anos 80, dizem economistas

    Diego Mendesdo CNN Brasil Business

    São Paulo

    O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, disse nesta semana, em entrevista a uma rádio local, que o governo está preparando um plano de estabilização de preços para congelar os valores de produtos mais consumidos pela população, como alimentos, bebidas e itens de higiene e limpeza. As informações são do jornal argentino Clarín.

    Esta não é primeira vez que o governo de Alberto Fernández tenta implantar essa modalidade, visando segurar a inflação.

    Desta vez, a intenção é congelar 86% dos produtos em circulação por 120 dias. O objetivo é conter a inflação, em 83% ao ano, para não chegar em 100%.

    Em outubro do ano passado, Fernández apresentou uma lista com mais de mil produtos que não poderiam ter reajuste por 90 dias.

    Em abril de 2019, o ex-presidente da Argentina, Mauricio Macri, também tomou a mesma medida. Na época, a inflação mensal dos alimentos era de 4,7%. Já em 2021, o acúmulo da inflação no país já chega a 37%.

    Em 2013, o governo da então presidente Cristina Kirchner obrigou supermercados a manter valores inalterados por 60 dias dos produtos de primeira necessidade

    De acordo com Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama, o governo da Argentina já tentou aplicar essa regra por várias vezes, e nunca deu certo. “Isso jamais vai dar certo em qualquer governo, pois os preços são resultados de demanda e oferta. Se alguém interfere, vai causar um desequilíbrio favorecendo alguém, e prejudica outrem”, explica o economista. Espirito Santo conclui dizendo que essa ação faz a inflação volta com mais força sempre.

    Para Carlos Honorato, professo de economia da FIA Business School, a Argentina tenta implantar essa política desde os anos 80 e nunca obteve sucesso economicamente. “Essa decisão de congelamento de preços é uma tentativa constante no país, pois eles trabalham com uma lista de itens e sempre está oscilando os valores”, explica.

    Honorato lembra que a Argentina já aplicou esse congelamento só em combustíveis alguns anos atrás, mas teve que acabar, porque a lista de produtos estava muito grande e o resultado não foi satisfatório. “No ano passado bloquearam os preços de mais de mil produtos, mas voltaram atrás novamente. O governo argentino apresenta cada novo congelamento como uma novidade, e desta vez é o aplicativo de controle, o que no final não vai dar certo do mesmo jeito”, afirma.

    O resultado, segundo o professor, será como os congelamentos de antes: num primeiro momento dá certo, a inflação fica mais controlada, mas passando cerca de dois a três meses, começa a faltar produto e a pressão inflacionária volta com mais força.